"A disciplina antecede a espontaneidade." Emmanuel

09 julho, 2011

Por do Sol

Costumamos dizer, que: Temos a melhor vista que um escritório poderia ter! Em verdade o que vislumbramos da janela do cockpit está em constante mudança. O que nos possibilita testemunhar belíssimos quadros no decorrer de um simples voo. Certa vez chegando em Brasília, fomos presenteados com um estonteante por do sol. O astro rei arde emitindo o calor responsável pela manutenção da vida em nosso planeta. 
Durante seu trajeto rumo ao horizonte, nos brinda com a transformação das cores no céu que o projeta, do amarelo dourado, lentamente se transforma no laranja vivo, até que o azul escuro cravejado de brilhantes envolva a terra na noite. Quanto mais se aproxima da linha do horizonte mais sua forma se altera, em função da gravidade e curvatura terrenas. Deforma-se! As nuvens cirrus ao longe, decoram a abobada celeste, variando sua tonalidade conforme o sol continua sua marcha, se assemelhando as espumas das ondas do mar com cores que vão do branco ao lilás. O espetáculo nos induz à reflexão. A chegada da noite nos convida a realizar um balanço do que fizemos, de como agimos e reagimos às mais diversas situações durante o dia. A natureza, sabiamente, nos proporciona o tempo necessário ao refazimento das energias, sabedoria refletida nesta alternância entre ação e reflexão; movimento e inércia; planejamento e execução. Lá longe, surgem as primeiras luzes daquela que fora planejada para sediar a capital do país. O crescimento desordenado do entorno deforma o projeto original de Lúcio Costa, que se assemelhava inicialmente à forma de um avião. Apesar de estar em um ambiente pressurizado, consigo sentir a paz oriunda do poente, trazendo quietude e serenidade. Meus sentimentos são de gratidão e reconhecimento à superioridade da natureza que gentilmente nos abriga no seio deste maravilhoso planeta. Reluto em iniciar a aproximação que me afastaria do meio que mais se identifica com a arte de voar. O Ar. Como não nos apaixonar pelas sensações, pelas emoções que podemos desfrutar. Nossos instintos, janelas que nos ligam uns aos outros e a tudo, estabelecem a conexão. Felizmente, como a alternância a que estamos submetidos na natureza, após um pouso vem uma decolagem e o ciclo se realimenta.